segunda-feira, 11 de março de 2013
Hoje é mais um dia 04
mas dessa vez caiu em uma segunda-feira comum. Levantei cedo, mais do que de costume. Cedo o suficiente para ver os primeiros sinais de luz do dia no céu. Tirei até uma foto pra guardar junto com aquelas que tenho de nós.
Me olhei no espelho e gostei do que vi. Aquelas rugas nos olhos não estavam aqui 10 anos atrás, o cabelo era mais escuro e, arrisco dizer, mais volumoso também. São as marcas que o tempo deixa, e a passagem dele foi importante para a nossa história. A forma física, diga-se de passagem, está melhor. Tenho seguido seus conselhos, deixado a preguiça de lado e me exercitado regularmente. E o sorriso continua aqui – mais sincero, porém, mais seletivo.
Preparei meu café da manhã com tudo o que tinha direito e me sentei para comer com calma, como se as horas não fossem mais passar. Mania errada aquela que a gente tinha de ignorar a principal refeição do dia. Mas tudo bem, tem certos hábitos que se adquirem com a idade mesmo, e valia a pena guardar espaço para o almoço quando tinha a lasanha de berinjela da sua mãe, nosso prato favorito.
Escolhi a roupa para o trabalho e – não ria – continuo usando jeans e camiseta como sempre. A diferença está na maquiagem, no salto, no blazer, nos óculos de grau. Agora as responsabilidades são maiores e, apesar de aqui dentro ainda existir aquela mesma palhaça que te fazia gargalhar, eu preciso garantir um pouco de credibilidade alheia quando tomo decisões em uma reunião.
Cheguei cedo no escritório e aproveitei para consultar pela Internet o resultado dos meus exames de laboratório. Arrisco dizer que a saúde nunca esteve tão boa. Colesterol diminuindo, glicemia, triglicérides, tudo normal. Realmente não tenho do que reclamar – até aquela dor no joelho, que eu usava às vezes como desculpa pra ganhar sua atenção, já não existe mais.
O coração só me dá orgulho, continua batendo forte por aquelas pessoas especiais que a gente sempre tentava inserir no nosso dia a dia. Pra falar a verdade, dentro dele tem mais gente agora. É assim que é, não é mesmo? Quanto mais vivemos, mais pessoas vão entrando. Algumas saem batendo portas, outras desaparecem depois de fazer uma bela bagunça, mas ele funciona e às vezes acelera quando bate a saudade. Como hoje, nesta segunda-feira de sol, dia quatro de março.
Hoje eu olhei para nós em uma foto e lembrei de uma frase que li, ouvi, sei lá. “A saudade é melhor do que caminhar vazio”. Então me olhei no espelho de novo e me dei conta de que fazem exatamente 10 anos que meu caminho é cheio da tua presença. Cheio da vida que você amava tanto, cheio do teu entusiamo e otimismo.
E de que eu nunca mais caminhei vazia.
-Raquel Ernesto
aii que sdd maldita! :(
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