segunda-feira, 12 de maio de 2014
Carta pra dizer que eu ainda te amo
Eu sei que você detesta quando eu escrevo e foi pro isso que eu decidi me despedir de você. Por saber que você não vai ler. Eu não saberia dizer isso olhando pra dentro de você. Sou covarde, sabe?
Só queria te dizer que você me ofereceu coisas maravilhosas, me ensinou coisas pra vida, me fez sentir viva e me fez viver um grande amor. Ainda não descobri como você chegou, nem como apareceu na minha casa. Tenho absoluta certeza que não te liguei. Também não consigo entender como consegui te fazer permanecer, meu jeito desarrumado não facilita muito meus romances. Você era a estante e eu era aquela montanha de livros empilhados, saca? Mas você ficou e parecia querer continuar, onde até eu teria desistido de tentar arrumar a bagunça.
Eu me apaixonei em cada mensagem, me encantei com tua criatividade. Passados quase três anos, esse encanto apenas aumenta. A distância me leva pra longe, mas o meu bem querer me trazia de volta. Eu sei que sou clichê, como você mesmo diz que todas as garotas são. O equívoco é esse: todas as mulheres apaixonadas são garotas clichês vistas em filmes adolescentes. Mas um dia você vai entender que amor “abobalha” as pessoas.
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Eu dei meia volta algumas vezes, mas nunca te deixei de verdade. Nesse meio tempo, houve rosas, raivas, beijos, mágoas e abraços de urso. Você se tornou meu porto-nada-seguro, mas ensinou que Merthiolate nas feridas não precisa ser mais doloroso. Foi você quem cantou pra mim no telefone quando meu mundo e o de todo mundo que me rodeava tava desabando. Eu tinha que ser forte, mas não era. Você cantou pra mim e de repende ‘A paz invadiu o meu coração. De repente se encheu de paz, como se um vento de um tufão arrancasse meus pés do chão’. Depois de muitos dias doente e tendo que parar no soro, foi você quem me mandou uma mensagem dizendo que anjos não adoecem, mas descansam suas asas pra poder voar novamente e abençoar as pessoas.
Naquele baile, você me tirou pra dançar. Aquelas luzes, os papéis caindo e você comigo. Não poderia ter sido mais perfeito. Seus braços na minha cintura e os meus no teu pescoço, como num laço ou enforcamento desastrado, e eu não conseguia pensar em nada. Nada mesmo. Eu tava ali vivendo, dançando, olhando pra dentro de você e não pensava. Acho que meu modo automático me mantém afastada da solidão e me traz pra perto. Acredito que você não tenha reparado na música que tocava na hora, mas a mulher que cantava, dizia que há mil anos ela vinha amando aquele rapaz e o amaria pelos próximos mil. Abraçada a ti, eu só repirei fundo e me deixei levar.
Queria que você soubesse que estando juntos ou não, você será sempre meu amor. Vou sentir inveja de qualquer mulher que cruzar a minha visão periférica com você e fingir que queria o sapato dela, mas meus olhos, meus cachos, meus lábios e a palpitação não mentem. E prometo seguir teus conselhos. Eu vou conquistar o mundo, pode deixar. Vou descobrir lugares, mundos e outros universos pra imaginar onde a gente poderia ter se amado por mil anos a mais. Clarice Albuquerque
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