quinta-feira, 24 de julho de 2014
Sou mais nós dois
E toda vez que a saudade de ti bater, vou apanhar. Tomar tapas na cara de memórias que não se esvaem, já que só com você fui completa na cama.
Foi sempre tu que me tirou a roupa e a respiração. Só contigo fui dama na mesa e puta na cama, capaz de libertar-me de mim mesma: esquecer meus tabus, jogar o preconceito pra bem longe dos lençóis. Foi contigo que me senti gostosa pela primeira vez.
Lembra que eu morria de vergonha de transar de luz acesa? Depois de você, eu queria mais era ver o rosto, o cheiro e o gosto do sexo que fazíamos. E aquele gemido abafado, contigo e cheio de vergonha que eu tinha no começo? Soltei por ti, e continuei assim (mesmo depois da reclamação dos vizinhos que nos fez morrer de vergonha de sair de casa por uma semana).
Contigo usei meu primeiro vibrador durante o sexo. Tu quem me fez entender que não é errado, nem feio, nem esquisito. Pelo contrário: hoje tenho uma coleção deles. Ainda sinto saudade do oral que trocávamos. Era tão intenso e demorado que me dá até um toque de arrependimento saber que não existe mais o “nós dois”.
Ahhh, os sentidos: adorávamos aguçar um a um, e até hoje, não encontrei quem gostasse tanto de morangos e chantilly como nós dois. Ninguém nunca entendeu tão bem o valor das preliminares como fazíamos: nunca mais gozei tantas vezes numa transa.
As pessoas tinham inveja de nossas histórias juntos, tipo quando fomos conhecer um clube de swing. Todos sabiam que era só curiosidade sexual de bons voyeurs que somos, e ainda assim, rotulavam-nos. E bom mesmo era o gosto de “foda-se” que tínhamos pela opinião alheia.
Vivíamos respondendo sobre a ausência de vontade de praticar um ménage à trois, lembra? Mania boba das pessoas em confundir liberdade com libertinagem sexual. Será que é tão difícil entender que queríamos devorar apenas um ao outro? Que cumplicidade na cama vai além de tudo que eles leram em revistas cheia de regras cagadas e listas por aí?
E sabe o que eu também acho? Que nunca ninguém vai ter esse tipo de saudade cúmplice, ainda com respeito e carinho mútuo que mantemos até hoje. Esse lance de saudade e vontade que não se mata, mas se permite sentir.
Esses demônios que as pessoas insistem em criar são velhos, quadrados e chatos. Sou mais nós dois. Sou mais nosso passado, nossa memória e nosso tesão nunca contido. É bom poder navegar por um passado cheio de cumplicidade sexual pra contar. Tenho consciência que muita gente nunca terá o que vivemos.
As pessoas podem confundir as coisas, mas eu sei que não é o seu caso. Eu não quero, nem nunca te quis de volta, mas isso nunca me impediu de te querer bem. Sei que não éramos pra ser pra sempre, mas foi delicioso enquanto fomos juntos.
Amanda Armelin
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