domingo, 29 de julho de 2012

Estava acostumada..

a tê-lo comigo. Nos meus pensamentos, nos meus sonhos. Sempre na minha mente.
Na verdade, era uma espécie de tranqüilizador. Por mais que ele fosse de outras milhões, aí pelo mundo afora, ele era meu. Minha mente era o mundo perfeito, onde eu e ele estávamos do jeito que tinha de ser. Juntos. Ter ele perto de mim de alguma forma era como se todas as inquietações, perturbações e infortúnios dos dias inteiros, passassem como mágica. Lembrar do olhar de criança curiosa, do sorriso torto, da expressão protetora e ao mesmo tempo inocente dele, era de fato, algo que eu precisava fazer todo o tempo.
Mais um dia chega ao final. Meu corpo padecendo de cansaço, depois de tanto lutar pelo sorriso dele. Mas não entristeço e nem me arrependo, porque, a melhor parte do meu dia estava por vir. O encontro diário com ele já estava pra acontecer no meu mundo, e eu não podia me atrasar. Então deixei que meu corpo descansasse na maciez do colchão, fechei meus olhos pro mundo real e os abri pro meu mundo. Mas pela primeira vez, eu não o encontrei. Em vez de tranqüilidade em seus braços, achei um lugar lotado de rostos desconhecidos, sorrisos falsos e abraços frios.
Meu desespero é eminente, e saio furando bloqueios, procurando seu olhar, ou algo dele que pudesse me dizer que eu não estava sozinha, que ele não havia me abandonado ali. Nada. Pela primeira vez em todo esse tempo, eu começo a pensar que ele não havia comparecido ao nosso encontro, e me pergunto o porquê. Será que encontrou outro mundo melhor que o meu? Ou se cansou de mim?
As lágrimas embaçam minha visão e saio esbarrando na multidão sem ao menos pedir desculpas. Eles não me importam e quem realmente me importa, não apareceu. O desespero continua dando uns safanões no meu coração, e o choro entalado na garganta não quer sair de jeito nenhum. As luzes começam a me cegar, e eu não sei mais o que pensar. Quando percebo, estou correndo, tentando fugir daquele lugar onde ele não me pertence. Onde eu não poderia ser feliz.
Mas minha corrida é interrompida por algo. Acabo batendo em algo forte, mas no mesmo momento, o impacto foi absorvido por algo que me envolvia e me segurava forte contra si próprio. Braços. Braços longos, largos, que me apertavam cada vez mais em um abraço protetor. Virei meu rosto pra superfície. O cheiro, ah, o cheiro! Uma mistura de todas as coisas boas da vida. Um cheiro adocicado, confortante. O cheiro dele. Me ninando de um lado pro outro, e perguntando “o que foi que te aconteceu, minha pequena?”. Mesmo me dando conta de que estava em meu porto seguro, o desespero não abria mão de mim. As lágrimas continuavam a sair involuntariamente, e mesmo que eu tentasse, não conseguia parar.
Minha mente gritava pra que eu parasse de chorar, de dar vexame na frente dele, mas uma força maior do que qualquer coisa, não me deixava parar. Os sentimentos eram confusos. Um pouco do susto por quase ter perdido ele, mais um pouco de alegria, misturada com preocupação, com vergonha, com amor… uma grande mistura sendo centrifugada e ficando mais intensa dentro de mim.
Ele me pega pelos braços, me põe de frente a ele, de forma que nossos olhares se encontrem. O olhar dele, castanho, intrigante e ao mesmo tempo amável, percorrendo cada pedaço da minha expressão chorosa e assustada, querendo entender o que tinha acontecido, olhando tão profundamente dentro dos meus olhos, parecendo que podia ver dentro de mim. Ah, se ele pudesse ver, um pouco dentro de mim… ia ver o quanto sou dele. Mesmo sem ele saber. Mesmo sem ele perceber, que cada molécula do meu corpo, necessitava e respondia alegremente ao seu toque.
“Você achou que eu ia te deixar?” ele me pergunta. Não posso afirmar. Mas ele sabe que eu pensei. Ele me conhece. “Muito enganada, mocinha. Não sei porque você pensa isso, já que esse é o nosso mundo.” Cada palavra era proferida como uma prece, as palavras religiosamente bem colocadas pra que eu entendesse o teor e o poder de cada uma delas. Esse era o nosso mundo. Suas mãos quentes pegaram as minhas, e entrelaçaram seus dedos nos meus, e olhando fixamente em seus olhos, comecei a cantarolar:
“But i wait for you, as long as i need to. And if you ever back to Hackensack, i’ll be here for you.”
Surpreso, ele sorriu com o mesmo sorriso torto, capaz de colocar minha vida abaixo, e beijou minha mão. “E eu realmente preciso que você espere por mim.” Falou, me sentando em seu colo e brincando com meu cabelo. Eu não precisava mais de nada, de ninguém. Bastava parar o tempo ali, pra eu dizer tudo que eu sentia por ele, ou mesmo ficar calada, só escutando sua respiração e me afundando no seu olhar. Eu estava no meu recanto feliz, e podia vir o que fosse eu estava pronta pra enfrentar qualquer coisa, desde que ele estivesse segurando minha mão.
E continuamos ali. As multidões indo e vindo, mas parecíamos alheios a qualquer realidade que não fosse a nossa. Jogando conversa fora, vendo o quanto nossas peças se encaixavam, e o quanto eu precisava dele pra ser feliz. Olhares nos encaravam, a inveja passava rasgando, mas nós simplesmente não nos importávamos. Era o nosso mundo, o nosso momento.
Beijava seu rosto liso, sua pele quente, enquanto ele continuava a brincar com meu cabelo, com meu nariz, a sorrir divinamente pra mim. Ele estava feliz, mas não como eu. Meu coração parecia que ia explodir, como jamais tinha acontecido. Aquela só era a certeza do quanto eu pertencia a ele. Mas as coisas começaram a ficar borradas, a multidão desaparecendo aos poucos, a intensidade de seus carinhos diminuindo. “Hora de voltar pro mundo lá fora, minha pequena.” Ele falou com a expressão serena, como se soubesse que aquele não era o nosso último encontro. Por dentro, eu também sabia perfeitamente disso, mas ainda assim era dolorido ter de deixá-lo, preso no nosso mundo. Preso em Hackensack.
As coisas do nosso lado começaram a desmoronar, a poeira das ruínas começava a nos cegar. E antes de me deixar ir, ele me segurou contra seu peito, me deu um beijo na testa, como se não quisesse me deixar ir embora. O segurei como se fosse minha vida. E não deixava de ser.
“Minha pequena, não esqueça o quanto eu te…” a gravidade me puxou pra realidade. Sorrindo por ter atracado mais uma vez no meu porto seguro. Socando o travesseiro por ter uma mente tão fértil. Esperando o fim do dia só pra encontrá-lo mais uma vez. Estou bem acordada.

sábado, 28 de julho de 2012

“Tenho trabalhado tanto,

mas sempre penso em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos… Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. … E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura.”
— Caio Fernando Abreu

sábado, 21 de julho de 2012

É só um cara

E não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o destino. É um cara. Existem muitos destinos.
Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes. Não sabe sangrar. Não sabe que nome daria a um filho. Não pode ficar mais tempo. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou. E perdeu.
Ele é só um cara. E você já esqueceu outros caras antes.”




— Tati Bernardi



isso tambem vai passa...

domingo, 15 de julho de 2012

“Apesar de mágoas reprimidas,

palavras engolidas, raivas sufocadas, lágrimas salgadas e a distância agonizante, ainda acredito que o fim seja nosso. E é isso que repito, sempre, baixinho, em pedido ao Universo. Que-o-fim-seja-nosso.”


ta mto mto mto dificil aguentar tudo isso e ainda mais aguentar sozinha!
Deus me de forças!
isso tambem passa!
que assim seja!

E não é que deu certo

06 de junho de 2022 08:20 e 08:21 da manhã, nasceram meus dois amores, sim senhores fiquei gravida de gemeos e dei a luz nesse dia. Fique mu...